terça-feira, 19 de maio de 2009

(In)capacidade da sociedade (com S maiúsculo/minusculo, que dá para todos os gostos e burrices)

"Os actos gratuitos situam-se fora da capacidade jurídica das sociedades. Se é verdade que os negócios gratuitos supõem espírito de liberdade, é igualmente verdade que esse espírito não se confunde com o ânimo ou escopo altruísta, desinteressado; liberdades existem com fim interessado ou interesseiro. Por exemplo: «a sociedade anónima x, financeiramente próspera, doa 100000 euros para apoio a refugiados de guerra em certo país.»"

Vejamos:
- Segundo o manual de Comercial II, uma sociedade que pratica actos gratuitos pressupõe, imediatamente e aos olhos da lei, que está a negociar o seu próspero futuro. Eis que nos sugerem o melhor de todos os exemplos "apoiar os pobre-coitados que ficaram sem casa, comida, roupa lavada e com a família reduzida a um/dois elementos"; claro está que a tal sociedadezita x, financeiramente próspera, está, obrigatoriamente, a doar 100000 euros aos ditos porque futuramente eles vão ser de estrema importância para seus lucros futuros e, repise-se*, irão fazer toda a diferença com o enorme poder compra que, a curto/médio/longo prazo, terão.
E quê??? A merdice de sociedade x não podia, pura e simplesmente, dar porque sim? Não podia doar 100 mil, 500 mil, um milhão, o que fosse, para quem do outro lado do mundo ( ou mesmo ali no passeio da nossa rua), ficou sem nada, sem que para isso tal actividade fosse considerada "com fim interessado ou interesseiro"?
Mas isto agora é sempre assim? Aqui, na China, na Lua e até na p*ta do livro de Direito de Empresa, que supostamente deveria ensinar alguma coisa de útil?
Encha-se de vergonhas e de nojices quem escreveu tais parágrafos!
Amanhã se isto sai na frequência, revolto-me. Juro que me revolto.

Mas também ou é indignação a mais ou é só mesmo porque o Direito Comercial.barra.de Empresas.barra.Empresarial.barra.o que queiram chamar, já me está pelas pontas dos cabelos? Hum, hum? Eu aposto na última... E olhem que os meus até são bem grandes.


(p.s. da última vez que vim pr'aqui disparatar sobre esta cadeira que tão bem-me-quer, não me sai mal. que a proeza acontença duas vezes e eu sou uma mulher feliz.)


*leia-se repita-se. mas hoje, na mesma obra fantástica, vi esta do "repise-se". Diga-se, foi das poucas (tão poucas) coisas que me soou bem numa tarde intensiva de estudo na sala de leitura da fduc e que eu achei que acentava como uma luva em qualquer lado.
Houve outras...que souberam igualmente bem e que (me) acentavam como uma luva em qualquer lado, mas dessas é melhor nem se falar. Matérias diferentes.

Sem comentários:

Enviar um comentário