domingo, 26 de julho de 2009

Futilidades (que é como quem diz, ser mulher)

7:00 da manhã em ponto.
Por si só a hora é agressiva, mas se somarmos o facto de ser domingo, o caso torna-se bicudo e catastrófico. Para ir trabalhar seria motivo de cortar a goela. Assim não sendo, toda a gente acordou fresca, bem disposta e de cara a brilhar.
Seis mulheres, dois carros, carteiras e dinheiro levantado. Há de tudo: médicas farmacêuticas, advogadas, professoras, administradoras (em ascenção, que é o meu caso), empresárias e até uma mais novinha que anda a trabalhar para ser médica. O motivo, esse, pois claro que é de fácil compreensão.
"...no outro dia, lá na empresa, a secretária do Dr. Luís vira-se pra mim e diz: "aii Dra., que sandálias tão bonitas. Eu também queria umas assim, queria... Mas olhe, vou sonhando, que isto a vida não 'tá nada fácil e o meu bolso parece-me sempre roto". Mal a pobre sabia que as ditas me tinham custado uma pechincha."
Mal se ouviu à mesa a peripécia das sandálias, a pergunta foi geral: "Mas afinal quanto é que custaram?". Ela ria-se à fartazana e só dizia "Vamos lá amanhã, meninas. Vamos lá amanhã, que aquilo é só ao domingo e à terça. Temos é de ir cedo! Assim um cedo muito cedo, que acho que vocês não estão dispostas a sofrer".
Era sábado à noite, uma noite que até prometia um belo serão, mas ficaram todas de tal maneira empolgadas que já só pensavam em ir para casa dormir, para no dia seguinte acordarem com as galinhas e rumarem à febre louca dos sapatos.
Chegaram lá ainda nem eram oito e meia; para além dos montes de sapatos a 3€, haviam também montes de pessoas que se encavalitavam umas nas outras por causa dos tamanhos e cores dos ditos. Após um par de horas, regressaram aos carros, satisfeitas que só elas, mortas de sono e a precisar de uma dose de cafaína tão grande como a força que estavam a fazer para manter os olhos abertos.
"Ok meninas, vamos lá voltar para a cama, que isto já chega de boa vida. Encontramo-nos logo para o café, sim?"



Mulheres. Crise ou não, há que vivê-la com inteligência.
Claro que no final, já metidas nos carros, a modos que a coisa pesou, principalmente às mais ou menos entendidas na matéria: "Oh Céus, isto deve vir de Itália ou da China ou até mesmo de Espanha. Depois queixamo-nos que a crise veio pra ficar, que nem os negócios nos correm como dantes e que a vida em Portugal está demasiadamente cara... Pudera, a comprar tudo o que vem de fora, só alimentamos os outros e nunca a nós mesmos". O silêncio apoderou-se de todas as bocas, mas o pensamento comum após uma reflexão rápida (e pouco séria) sobre a crise, foi: "Que se lixe, comprei prai 7 ou 8 pares de sapatos a 3€ cada um; sou feliz!". Mulheres. Crise ou não, há que vivê-la com inteligência, e às vezes com alguma falta dela.


P.S. Saliento, bem salientado, que nem um parzinho de sapatos de Homem havia. Meus caros cavalheiros, há fenómenos que só são mesmo destinados para uma das partes. Sintam-se descriminados, pois... Têm todo o direito, 'tá claro.

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